Preparava-me eu para um teste de OAE (Organização e Administração de Empresas), no ido ano de 1988. Esta cadeira era então ministrada pelo Tadão (professor de enorme gabarito, infelizmente já falecido).
Como o meu plano passava pelo recurso na íntegra a auxiliares de memória, tentei, por todos os meios arranjar um lugar o mais atrás possível, tendo mesmo conseguido ir para a última fila. O professor olhou, mirou, observou o pessoal antes do início do teste e procedeu a algumas correcções de lugares dentro da sala. Obviamente que ninguém olhava directamente para ele, evitando a todo o custo com ele cruzar o olhar, não viesse ele a ganhar ideias.
- Tu, aí atrás. Sim, tu! – o professor repetia uma e outra vez, enquanto o visado perguntava com trajeitos de incredulidade:
- Quem, eu?
- Sim, tu mesmo. Anda para aqui! – E pronto, o pessoal cabisbaixo e meio a resmungar, lá mudava de lugar. Sortudo como eu sou, acabei por ver chegada a minha vez e fui para não outro lugar senão a primeira fila. Entrei quase em desespero. Pensei para mim:
- Vou tirar cá uma nega! Assim não vou conseguir fazer nada na merda do teste! – E o teste acabou por ser distribuído e começou o tempo a contar. O Tadão veio encostar-se à minha secretária e enquanto se mantia de pé nesta posição, bem à minha frente, abarcava com o olhar as restantes secretárias da sala.
Desesperei, passei-me, tive vontade de dar um enxerto de porrada no Tadão, até que acabei por me acalmar e descontrair.
- Perdido por cem, perdido por mil – Pensei e passei à acção.
Saquei as cábulas do bolso das calças (disfarçando como que a me coçar), coloquei-as em cima do tampo da cadeira e no meio das pernas, ganhei confiança e segui em frente. Como tinha a mão esquerda na testa e a tapar os olhos, jamais o Tadão iria aperceber-se para onde eu estava a olhar e que estaria a cabular e em grande. De onde ele se encontrava, mesmo à minha frente, estava num plano demasiado elevado para conseguir ver o que se passava bem à sua frente, na minha secretária.
O teste correu às mil maravilhas. A nota foi bem aceitável e penso que o pobre do Tadão nunca se tenha apercebido da minha alarve cabuladela, bem nas suas barbas. Acabou por ser exactamente aquele, o melhor local da sala para se poder cabular.
Quem consegue dissimular apercebe-se do quão fácil é enganar, de caras e à primeira vista, quem quer que seja.
. Pilão - O cabulanço quase...
. Exército - O riso assento...
. Pilão - A Lei da Oferta e...
. Pilão - A viagem de final...
. Exército - O português é ...
. Pilão - Das aulas - XI - ...
. Pilão - O 25 de Maio, os ...
. Outras Situações - O Ress...
. O livro..... na incubador...
. Academia Militar - Um Ten...